Dessecação do feijão
Dessecação do feijão
Dessecação pré-colheita do feijão: entenda quando é preciso fazer, em qual estádio de desenvolvimento e quais os produtos registrados para a dessecação.
O feijão é uma cultura de ciclo curto, em médio, o ciclo se completa entre 70 e 110 dias.
A duração do ciclo depende da cultivar (superprecoces, precoces, médias e tardias) e das condições climáticas.
Pode ser cultivada em três safras durante um ano, dependendo da região do país.
Um dos manejos realizados na cultura do feijão é a dessecação pré-colheita.
Dentre as vantagens da dessecação do feijão está a antecipação da colheita.
Para a dessecação pré-colheita do feijão são utilizados herbicidas, que tem como benefícios:
- antecipar a colheita;
- planejar a colheita, devido a uniformidade de maturação;
- controle de plantas daninhas;
- colheita mais eficiente com maior eficiência da máquina.
A dessecação pré-colheita também ajuda no controle de algumas plantas daninhas que possam ter escapado. Isso facilita a colheita e minimiza o teor de impurezas.
Muitas plantas daninhas podem ser prejudiciais durante o ciclo do feijão.
Dentre as espécies de folhas largas (eudicotiledôneas) estão: leiteiro (Euphorbia heterophylla), quebra-pedra (Phyllanthus niruri), erva-de-santa-luzia (Chamaesyce hirta), espécies de guanxuma (Sida spp.), espécies de cordas-de-viola (Ipomoea spp.), picão-preto (Bidens pilosa e B. subalternans), carrapicho-rasteiro (Acanthospermum australe), mentrasto (Ageratum conyzoides), poaia-branca (Richardia brasiliensis), fedegoso (Senna spp.), espécies de buva (Conyza spp.), apaga-fogo (Alternanthera tenella) e caruru-de-espinho (Amaranthus spinosus).
Já, dentre as espécies de folhas estreitas (monocotiledôneas) estão: capim-colonião (Panicum maximum), trapoeraba (Commelina benghalensis), capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), espécies de tiririca (Cyperus spp.), braquiária (Urochloa decumbens), capim-carrapicho (Cenchrus echinatus), espécies de capim-colchão (Digitaria spp.) e espécies de capim-arroz (Echinochloa spp.).
Por isso, a dessecação acaba ajudando no controle de muitas espécies de plantas daninhas, que ainda possam estar no final do ciclo da cultura.
Para fazer a dessecação pré-colheita no momento correto devemos considerar:
- maturidade dos grãos;
- estádio de senescência das folhas;
- teor de água no grão;
- alteração de cores na vagem.
A maturidade dos grãos ocorre primeiro nas partes baixas da planta de feijão, sendo que a época ideal de colheita é após a maturidade fisiológica, ou seja, no final do estádio R8 e, início do estádio R9.
Estádio R9: as vagens perdem a cor e começam a secar. As sementes adquirem a cor e o brilho característicos da cultivar. Fonte: EMBRAPA.
Para saber se a sua lavoura já atingiu o ponto de maturidade fisiológica, observe a coloração das vagens, que devem estar na cor palha.
Um dos principais objetivos da dessecação é proporcionar uma maturação uniforme dos grãos, pois pode acontecer das vagens e sementes estarem em diferentes estágios de maturação.
No ponto de maturidade fisiológica, as sementes de feijão possuem alto teor de água (acima de 25%), não possibilitando a colheita, pois a umidade deve estar em torno de 15% para evitar danos.
Estádios fenológicos da cultura do feijão. Maturidade fisiológica em R9. Fonte: COOPERTRADIÇÃO (2019).
Quais herbicidas utilizar para a dessecação pré-colheita do feijão?
1. Diquat
O diquat é um herbicida não seletivo, de contato e dessecante. É um herbicida inibidor do Fotossistema I (FSI), utilizado para dessecação pré-plantio, dessecação pré-colheita e aplicação em jato dirigido as entrelinhas de diversas culturas.
Para a dessecação do feijão é recomendado aplicar de 1,5 a 2,0 L/ha (300 a 400 g i.a./ha) quando o feijão estiver fisiologicamente maduro.
O intervalo de segurança, ou seja, o período de tempo que deverá transcorrer entre a aplicação do diquat e a colheita do feijão, é de 7 dias.
2. Flumioxazin
O flumioxazin é um herbicida de ação não sistêmica, inibidor da enzima protoporfirinogênio oxidase (PROTOX), utilizado no controle de plantas daninhas e, também podendo ser usado na dessecação pré-colheita do feijão.
Para a dessecação a recomendação é de uma aplicação quando a cultura estiver com 50% das folhas amarelas e com cerca de 70% das vagens maduras (coloração do amarelo ao palha), na dose de 50 a 60 g/ha (25 a 30 g i.a./ha), com volume de calda de 150 a 250 L/ha.
O intervalo de segurança, ou seja, o período de tempo que deverá transcorrer entre a aplicação do flumioxazin e a colheita do feijão, é de 7 dias.
3. Glufosinate
O glufosinate é um herbicida não seletivo, inibidor da enzima glutamina sintetase (GS), recomendado no manejo de plantas daninhas e também na dessecação pré-colheita das culturas da batata, feijão, soja e trigo.
Para a dessecação em feijão para consumo, a recomendação é aplicar a dose de 1,8 L/ha + 0,2% v/v de óleo vegetal ou mineral, quando a cultura apresentar aproximadamente 50% das vagens secas.
Já, para a dessecação em feijão para sementes, aplicar a dose de 2,0 L/ha + 0,2% v/v de óleo vegetal ou mineral, somente quando a cultura apresentar 70% das vagens secas.
O intervalo de segurança, ou seja, o período de tempo que deverá transcorrer entre a aplicação do glufosinate e a colheita do feijão, é de 5 dias.
Conclusão
No texto de hoje vimos que a dessecação do feijão é importante para uniformizar a maturação dos grãos, antecipar a colheita e manejar plantas daninhas.
Dentre os herbicidas registrados para a dessecação pré-colheita do feijão estão o diquat, glufosinate e o flumioxazin.
Quando o grão atinge a maturidade fisiológica, ele ainda está com alto teor de água, inviabilizando a colheita. A dessecação ajuda a uniformizar o processo de maturação.
Consulte sempre um Engenheiro Agrônomo e a bula dos produtos.
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Sobre a Autora: Ana Ligia Giraldeli. Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar), Doutora em Fitotecnia (USP) e especialista em Agronegócios. Atualmente Professora da Colaboradora na UEL.
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