Herbicidas auxínicos no manejo de plantas daninhas na cultura do trigo

Manejo de plantas daninhas em trigo: saiba como posicionar os herbicidas auxínicos na cultura.

O manejo de plantas daninhas é essencial em todas as culturas para que não haja interferência direta e indireta das plantas infestantes sobre as plantas cultivadas. Leia o texto abaixo e entenda mais sobre o uso de herbicidas auxínicos.

Diretamente as plantas daninhas competem por água, luz e nutrientes com as plantas cultivadas e isso leva a redução da produtividade.

Indiretamente as plantas daninhas atrapalham os tratos culturais e podem ser hospedeiras de pragas, doenças e nematoides.

No caso da cultura do trigo, essa deve permanecer livre da presença de plantas daninhas no primeiro terço do seu desenvolvimento para que não haja redução da produtividade.

Isso significa que uma cultivar de 140 dias precisa ficar livre dessa interferência até ao menos 47 dias após a sua emergência.

Vamos ver agora quais são as principais espécies de plantas daninhas que estão presentes na cultura do trigo.

 

Principais plantas daninhas em trigo

Na cultura do trigo temos plantas daninhas monocotiledôneas (folhas estreitas) e eudicotiledôneas (folhas largas).

As principais plantas daninhas eudicotiledôneas são:

  • Cipó­-de-­veado (Polygonum convolvulus);
  • Nabo forrageiro (Raphanus raphanistrum e sativus);
  • Erva-­salsa (Bowlesia incana);
  • Flor-­roxa (Echium plantagineum);
  • Serralha (Sonchus oleraceus);
  • Silena, alfinete-da-terra (Silene gallica);
  • Gorga (Spergula arvensis).

No sul do Brasil algumas folhas largas se destacam como: buva, nabo, ervilhaca e cipó-de-veado, e às vezes também é possível encontrar  língua-de-vaca, flor roxa, erva-salsa, serralha, alfinete-da-terra, gorga e erva-de-passarinho.

Já, nas regiões mais quentes do Brasil e em anos em que o inverno na região Sul apresenta temperatura média elevada, ocorrem também as espécies comuns no verão como picão-preto, picão-branco, guanxuma, corda-de-viola, leiteiro e poaia-branca.

Dentre as principais plantas daninhas monocotiledôneas em trigo estão:

  • Azevém (Lolium multiflorum);
  • Aveia-­preta (Avena strigosa);
  • Aveia-­branca (Avena sativa).

Nas regiões mais quentes do Brasil e em anos em que o inverno na região Sul apresenta temperatura média elevada, ocorrem também as espécies comuns no verão como capim-marmelada e capim-colchão.

Em algumas regiões, como no Paraná, o nabo, a nabiça e a buva são espécies cada vez mais frequentes.

 

Herbicidas registrados na cultura do trigo

Na cultura do trigo há herbicidas registrados seletivos e não-seletivos, para uso em pré-semeadura, pré-emergência ou pós-emergência de acordo com a recomendação e a seletividade.

Os herbicidas registrados são: 2,4-D, bentazon, clethodim, clodinafop, diuron, glyphosate, glufosinate, imazamox, iodosulfuron, MCPA, metribuzin, metsulfuron (trigo e triticale), pyroxsulam e saflufenacil.

 

Herbicidas pré-emergentes na cultura do trigo

De todos estes herbicidas citados, para controle em pré-emergência das plantas daninhas e do trigo, temos o pendimethalin.

A aplicação do pendimethalin deve ocorrer após a semeadura da cultura porque a seletividade é dada pela posição do herbicida no solo, ou seja, o contato da semente com o herbicida deve ser minimizado.

Assim, é preferível semear a uma profundidade média de 5 cm e aplicar o herbicida na superfície do solo.

Chuva intensa logo após sua aplicação, principalmente em solos de textura arenosa e com matéria orgânica abaixo de 2%, pode resultar em danos à cultura pelo pendimethalin que atinge a região de germinação das sementes.

 

Controle de monocotiledôneas na cultura do trigo

Para o controle em pós-emergência de gramíneas, como o azevém e a aveia, podem ser utilizados os herbicidas iodosulfuron ou clodinafop, que são produtos de alta mobilidade na planta, sendo classificados como sistêmicos.

Em geral, observa-se que o herbicida iodosulfuron é mais eficaz em azevém, e que o clodinafop é mais eficaz em controlar a aveia.

O controle eficaz com o iodosulfuron ou clodinafop depende do estádio de desenvolvimento da aveia e do azevém. O controle mais eficaz ocorre em plantas com 2 a 4 folhas ou com no máximo um afilho.

 

Controle de eudicotiledôneas na cultura do trigo

O controle de plantas daninhas eudicotiledôneas (folhas largas) na cultura do trigo pode ser feito com os herbicidas 2,4-D, metsulfuron, iodosulfuron, metribuzin ou bentazon.

Os herbicidas 2,4-D, iodosulfuron e metsulfuron possuem alta mobilidade nas plantas.

Já, os herbicidas bentazon e metribuzin possuem baixa mobilidade nas plantas.

A melhor eficácia no controle de plantas daninhas com estes herbicidas é observada em plantas com 4 a 6 folhas.

No trigo a fitotoxicidade é menor quando aplicados no estádio de afilhamento.

herbicida-iososulfuron

Fonte: Up.Herb.

 

Como controlar buva na cultura do trigo

A buva resistente ao glifosato é uma planta daninha de difícil controle.

O cultivo de cereais de inverno como o trigo, a aveia ou o centeio tem efeito supressor eficaz no controle de buva.

O ideal é sempre manter o solo coberto seja com uma cultura de cobertura ou palha e, nunca deixar a área em pousio, pois isso possibilita a planta crescer, se desenvolver e produzir sementes que irão novamente para o banco de sementes do solo.

O controle de plantas daninhas no trigo é muito importante, pois nesse momento as plantas ainda estão pequenas e acabam sendo controladas mais facilmente.

Outra opção seria o manejo da área com Urochloa ruziziensis em regiões mais quentes.

Nesse caso pode ser feito no sistema lavoura-pecuária, junto com o milho safrinha ou apenas para ocupação de área e formação de palha.

Dentre os herbicidas usados na cultura do trigo, o iodosulfurom, metsulfurom e o 2,4-D controlam a buva.

O herbicida metsulfuron deve ser usado, no mínimo, 60 dias antes da semeadura da soja ou do milho, pois a degradação deste produto é mais lenta devido a baixas temperaturas e a pouca umidade no solo.

Os herbicidas auxínicos são boas opções, principalmente em locais onde há nabiça resistente a herbicidas inibidores da ALS, nesses casos o herbicida metsulfuron não vai funcionar.

Aplicação de herbicidas auxínicos

Aplicação de herbicidas auxínicos em pós-emergência do trigo para controle de plantas daninhas de folhas largas. Fonte: Elevagro.

 

Uso de 2,4-D no controle de plantas daninhas em trigo

O herbicida 2,4-D pode ser utilizado para controle de plantas daninhas de folhas largas no trigo.

O trigo, assim como as demais gramíneas, não morrem com a aplicação de 2,4-D porque possuem os feixes vasculares dispersos, protegidos pelo esclerênquima.

No trigo o momento ideal de usar o 2,4-D é no início da fase de perfilhamento. As doses variam de 806 a 1.200 g e.a./ha.

Esse período coincide com o Período Crítico de Prevenção à Interferência (PCPI), sendo necessária a intervenção, pois se não haverá redução na produtividade.

Pode haver problemas de fitotoxicidade no trigo quando utilizadas doses mais altas de herbicidas auxínicos para controlar plantas maiores de nabo.

herbicida 2,4-D

Sintomas de injúrias em trigo após o uso de 2,4-D. Fonte: ORSementes.

O nabo tem vários fluxos de germinação dentro da cultura do trigo. O 2,4-D é utilizado para controlar o primeiro fluxo de plantas daninhas ainda pequenas com 2 a 4 folhas.

Um fator a ser observado em algumas regiões é os sintomas do 2,4-D após a aplicação em plantas de buva.

Sintomas de rápida necrose em buva podem representar que você tenha na área plantas resistentes ao 2,4-D.

 

Conclusão

O 2,4-D é um importante herbicida utilizado para controle de plantas daninhas de folhas largas em pós-emergência do trigo.

Em pós-emergência o 2,4-D vai ter ação sobre nabo/nabiça, sendo uma boa opção para quem tem plantas resistentes a inibidores da ALS, e não irá conseguir usar o metsulfuron.

O manejo integrado de plantas daninhas é essencial, rotacionando mecanismos de ação, rotação de culturas e utilizando dois ou mais métodos de controle.

Gostou do texto? Tem mais dicas sobre herbicidas auxínicos para manejar plantas daninhas em trigo? Adoraria ver o seu comentário abaixo!

Sobre a Autora: Ana Ligia Giraldeli. Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar), Doutora em Fitotecnia (USP) e especialista em Agronegócios. Atualmente Professora Temporária na UEL.

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