Falta de chuva, o que fazer? Quais alternativas?

Falta de chuva: veja quais são as alternativas e manejos que você pode adotar na sua propriedade para passar por este problema.

O estresse hídrico provocado pela falta de água é prejudicial para todo sistema produtivo.

A água é um dos fatores mais importantes para o crescimento e desenvolvimento das plantas.

Sem água em quantidade adequada nem ocorre o início do processo de germinação das sementes.

Os efeitos da estiagem na agricultura são muitos, dentro os quais estão a menor produtividade das lavouras e redução das reservas de alimentos, que acabam subindo os preços.

Na cultura da soja, por exemplo, os danos por falta de água são plantas pouco desenvolvidas, folhas pequenas, plantas com baixa estatura, folíolos com aspecto murcho e entrenós mais curtos.

Assim, algumas alternativas podem ser utilizadas para tentar contornar estes períodos de falta de chuva.

Dentre essas alternativas estão a irrigação, plantio de culturas resistentes e adaptadas à seca, plantio direto, rotação de culturas, armazenamento de água, plantio em época adequada de acordo com o zoneamento agrícola, conhecer o regime de chuvas na região e a necessidade de água da cultura em cada estágio do seu desenvolvimento.

 

Necessidade hídrica das culturas

Cada cultura tem uma demanda hídrica, por exemplo, o milho necessita de aproximadamente 500 a 800 mm de água durante o seu ciclo de desenvolvimento, a soja precisa de 450 a 850 mm e o algodão de 450 a 700 mm.

Assim, as culturas são semeadas de acordo com o regime de chuvas e temperaturas de cada região, onde são aptas a se desenvolverem.

Para algumas culturas há o zoneamento agrícola, que nos mostra a data de plantio da cultura em cada região, levando em consideração o ciclo da cultivar.

O zoneamento agrícola nos dá as épocas de semeadura justamente para que seja evitado ao máximo os eventos extremos, como estiagens e geadas.

 

Irrigação

Para quem não quer ter surpresas com períodos de estiagem, a alternativa é fazer o uso da irrigação.

No texto “Tipos de Irrigação” você pode ver quais são os tipos de irrigação e como fazer para escolher o melhor para a sua propriedade.

O manejo adequado da irrigação na sua área proporciona à cultura a quantidade ideal de água em cada fase de desenvolvimento.

Você também pode fazer a irrigação de precisão, fornecendo água de forma eficiente para a sua cultura.

A irrigação de precisão funciona por meio de sensores nas plantas, solos, máquinas e equipamentos.

A leitura destes dados junto com os dados de previsão meteorológica fornece as informações para acionar ou não a irrigação.

Dentre as vantagens de utilizar um sistema de irrigação estão:

• fornecimento de água para a cultura nos momentos adequados;
• aumento da produtividade;
• evita problemas com falta de chuva.

Há vários tipos de irrigação e você pode escolher qual deles se encaixa melhor na sua propriedade.

Você pode optar por irrigação localizada, por aspersão, pivô central e irrigação por superfície.

Para escolher qual destes tipos é o melhor para sua lavoura leve em consideração a cultura, o tipo de solo, a topografia do terreno, o clima e a disponibilidade de água na propriedade.

 

Produtividade do café em sistema de sequeiro e irrigado. Fonte: Educapoint.

 

Uso de variedades resistentes a seca

Outra alternativa é o uso de variedades resistentes à seca, como no caso da cultura do trigo.

Na cultura do trigo as altas temperaturas associadas à alta umidade na folha são fatores favoráveis ao desenvolvimento de doenças.

Uma alternativa é trabalhar com materiais tolerantes à seca e fazer o plantio no final do período das chuvas.

Assim, faz-se a semeadura a partir de meados de março, quando as temperaturas já estão mais baixas, o que desfavorece o fungo causador da doença.

Com isso, além de não ter problemas com falta de água, ainda reduz a infestação de doenças e ajuda no controle de plantas daninhas.

O trigo e outros cereais de inverno são excelentes opções para cobrir o solo nesse período, evitando os fluxos de germinação de plantas daninhas na área.

Na soja, por exemplo, a época de plantio influencia na tolerância à seca.

A soja semeada mais cedo, dentro da época recomendada, pode tornar a lavoura mais tolerante à seca. Nesse caso, a soja tende a crescer menos, desenvolvendo um sistema radicular mais profundo.

Já, a semeadura da soja mais tarde tende a deixar a lavoura mais sensível à seca, isso causa da menor profundidade das raízes e maior evapotranspiração em épocas de altas temperaturas e dias mais longos.

Cultivares de soja com porte alto não são indicadas para essa época de plantio.

O ideal é ter uma lavoura com altura de plantas entre 60 a 80 cm. Cultivares maiores tendem a ser mais susceptíveis à seca.

 

Rotação de culturas e palha no sistema

A rotação de culturas permite explorar diferentes volumes do solo pelas raízes, o que ajuda a evitar a compactação do solo e melhorar a infiltração de água.

A palha deixada sobre o solo ajuda a manter a umidade por mais tempo e reduzir a amplitude térmica do solo, além de reduzir a germinação e emergência de plantas daninhas, pois funciona como barreira física, além da liberação de compostos alelopáticos.

Com a palha sobre o solo conseguimos reduzir a evaporação de água, o que mantém a quantidade de água por mais tempo.

Dentre os benefícios do plantio direto temos:

• aumento da disponibilidade de água no solo;
• redução do impacto da gota de água no solo;
• aumento do teor de matéria orgânica do solo;
• melhora a estrutura do solo;
• reduz a erosão do solo.

Aqui podemos citar também que o controle de plantas daninhas ajuda, pois elas acabam competindo pelos recursos do meio, como a água.

 

 

Benefícios do sistema de plantio direto na palha. Fonte: CropLife.

Armazenamento de água

O armazenamento de água das chuvas ajuda a passar pelo período de estiagem.

Este armazenamento pode ser feito por meio de cisterna calçadão, cisterna enxurrada, barragens subterrâneas e poços.

 

Reservatórios feitos por cafeicultores. Fonte: Notícias Agrícolas.

 

Conclusão

Para evitar problemas com falta de chuva sempre faça o plantio na época recomendada e, caso tenha, siga o zoneamento agrícola.

Como alternativas para os locais que passam por períodos de estiagem a irrigação acaba sendo fator essencial.

O manejo do solo, das plantas daninhas, a rotação de culturas e o plantio em semeadura direta são práticas que ajudam o sistema a enfrentar os períodos de estiagem prolongados.

Gostou do texto? Tem mais dicas sobre alternativas para a falta de chuva? Adoraria ver o seu comentário abaixo!

Sobre a Autora: Ana Ligia Giraldeli. Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar), Doutora em Fitotecnia (USP) e especialista em Agronegócios. Atualmente Professora Temporária na UEL.

Para acessar o nosso portal completo de conteúdo, clique aqui.