Padrões para produção e comercialização de sementes soja e milho
Padrões para produção e comercialização de sementes soja e milho: entenda mais sobre os parâmetros de campo e da semente.
A Instrução Normativa MAPA N°45 de 17 de setembro de 2013 estabelece os padrões de identidade e qualidade para a produção e a comercialização de sementes de diversas culturas, entre elas o milho e a soja.
No texto de hoje vou mostrar para vocês quais são estes padrões que você irá encontrar na Instrução Normativa para as culturas de soja e milho.
Vamos começar pela cultura da soja!
Padrões para produção e comercialização de sementes de soja
Para a produção e comercialização de sementes de soja, há diferenças entre a classificação da semente em:
- Semente certificada de primeira geração;
- Semente certificada de segunda geração;
- Semente de primeira geração;
- Semente de segunda geração.
Você verá nas tabelas que alguns itens mudam de acordo com a categoria da semente.
As vistorias obrigatórias na lavoura de soja devem ser realizadas pelo Responsável Técnico do produtor ou do certificador.
Estas vistorias devem ser realizadas nas fases de floração e de pré-colheita da soja.
Estádios fenológicos da soja. Fonte: Bayer Crop Science.
As vistorias em campos de produção de sementes de soja devem ser realizadas na floração e pré-colheita.
Em relação ao próximo plantio, pode ser utilizada a mesma área para a mesma cultivar.
Mas, caso haja mudança de cultivar, na mesma área, as plantas voluntárias do ciclo anterior precisam ser controladas.
Além das plantas de outras cultivares, as plantas daninhas precisam ser eliminadas dos campos de produção de sementes.
Algumas sementes de plantas daninhas são nocivas toleradas ou proibidas, dependendo da espécie.
As técnicas utilizadas para eliminação dessas plantas devem ser registradas nos Laudos de Vistoria, relatando o percentual encontrado e a sua composição no Boletim de Análise de Sementes.
A presença de sementes de outras cultivares e de plantas daninhas são determinadas em Teste Reduzido junto com a análise de pureza.
Essa análise é feita no peso total da amostra de trabalho para a Determinação de Outras Sementes por Número, sendo feita para complementar a análise de pureza e a verificação de sementes nocivas.
Outra informação importante que o anexo traz é que a comercialização de semente básica poderá ser realizada com germinação até 10 (dez) pontos percentuais abaixo do padrão, desde que efetuada diretamente entre o produtor e o usuário e com o consentimento formal deste.
Algumas informações que você irá encontrar no Anexo XXIII para a soja:
Peso máximo do lote: 30 mil kg.
Peso mínimo das amostras:
- amostra submetida ou média: 1.000 g;
- amostra de trabalho para análise de pureza: 500 g;
- amostra de trabalho para determinação de outras sementes por número: 1.000 g.
Prazo máximo para solicitar a inscrição de campos: 45 dias após o plantio.
Abaixo segue os parâmetros de campo e de semente retirados do anexo para a cultura da soja.
Parâmetros de campo para sementes de soja |
||||
Categorias/índices | ||||
Básica | C1 | C2 | S1 e S2 | |
Vistoria | ||||
Área máxima da gleba (ha) | 50 | 100 | 100 | 150 |
Número mínimo | 2 | 2 | 2 | 2 |
Número mínimo de subamostras | 6 | 6 | 6 | 6 |
Número de plantas por subamostras | 1.000 | 500 | 375 | 250 |
População da amostra | 6.000 | 3.000 | 2.250 | 1.500 |
Rotação (ciclo agrícola) | – | – | – | – |
Isolamento ou bordadura (m) | 3 | 3 | 3 | 3 |
Plantas atípicas (fora de tipo) número máximo | 3/6.000 | 3/3.000 | 3/2.250 | 3/1.500 |
Plantas de outras espécies: | ||||
Cultivas/silvestres/nocivas toleradas | – | – | – | – |
Nocivas proibidas | – | – | – | – |
Na próxima tabela, também retirada da Instrução Normativa N°45/2013 você verá os parâmetros de sementes.
Parâmetros de semente | ||||
Categorias/índices | ||||
Básica | C1 | C2 | S1 e S2 | |
Pureza | ||||
Semente pura (% mínima) | 99 | 99 | 99 | 99 |
Material inerte (%) | – | – | – | – |
Outras sementes (%máxima) | 0 | 0,1 | 0,1 | 0,1 |
Determinação de Outras Sementes por Número (n° máximo) | ||||
Semente de outra espécie cultivada: | ||||
Outras | 0 | 0 | 1 | 2 |
Vigna unguiculata | 0 | 0 | 0 | 0 |
Semente silvestre | 0 | 1 | 1 | 1 |
Semente nociva tolerada | 0 | 1 | 1 | 2 |
Semente nociva proibida | 0 | 0 | 0 | 0 |
Germinação (% mínima) | 75 | 80 | 80 | 80 |
Validade do teste de germinação (máxima em meses) | 6 | 6 | 6 | 6 |
Validade da reanálise do teste de germinação (máxima em meses) | 3 | 3 | 3 | 3 |
Agora que você já vou sobre os padrões para produção e comercialização de sementes de soja, vamos ver para as sementes de milho.
Padrões para produção e comercialização de sementes de milho
Para a produção e comercialização de sementes de milho você verá que alguns itens se repetem da cultura da soja.
O primeiro é que também há diferenças entre as categorias de sementes:
- Semente certificada de primeira geração;
- Semente certificada de segunda geração;
- Semente de primeira geração;
- Semente de segunda geração.
As vistorias na cultura do milho também são obrigatórias e devem ser feitas pelo Responsável Técnico do produtor ou do certificador, nas fases de floração e de pré-colheita.
Também é possível repetir o plantio no ciclo seguinte quando se tratar da mesma cultivar e, assim como na cultura da soja, também devem ser eliminadas as plantas de milho voluntárias caso seja semeada outra cultivar na área.
Parâmetros de campo para variedade de milho |
||||
Categorias/índices | ||||
Básica | C1 | C2 | S1 e S2 | |
Vistorias: | ||||
Área máxima da gleba (ha) | 50 | 100 | 100 | 100 |
Número mínimo | 2 | 2 | 2 | 2 |
Número mínimo de subamostras | 6 | 6 | 6 | 6 |
Número de plantas por subamostras | 2.000 | 1.000 | 500 | 250 |
População da amostra | 12.000 | 6.000 | 3.000 | 1.500 |
Rotação (ciclo agrícola) | – | – | – | – |
Isolamento (m): | ||||
Distância mínima da fonte de pólen contaminante: | ||||
Para variedades especiais | 400 | 400 | 400 | 400 |
Para as demais variedades | 200 | 200 | 200 | 200 |
Número mínimo de fileiras de bordadura | – | – | – | – |
Isolamento por diferença de época de plantio | – | – | – | – |
Plantas atípicas (fora de tipo) n° máximo | 3/12.000 | 3/6.000 | 3/3.000 | 3/1.500 |
Plantas de outras espécies: | ||||
Cultivadas/silvestres/nocivas toleradas | – | – | – | – |
Nocivas proibidas | – | – | – | – |
Parâmetros de semente | ||||
Categorias/índices | ||||
Básica | C1 | C2 | S1 e S2 | |
Pureza | ||||
Semente pura (% mínima) | 98 | 98 | 98 | 98 |
Material inerte (%) | – | – | – | – |
Outras sementes (% máxima) | 0 | 0,1 | 0,1 | 0,1 |
Determinação de Outras Sementes por Número (n° máximo) | ||||
Semente de outra espécie cultivada | 0 | 1 | 1 | 2 |
Semente silvestre | 0 | 0 | 0 | 0 |
Semente nociva tolerada | 0 | 0 | 0 | 0 |
Semente nociva proibida | 0 | 0 | 0 | 0 |
Semente infestada (% máxima) | 3 | 3 | 3 | 5 |
Germinação (% mínima) | ||||
Variedades | 75 | 85 | 85 | 85 |
Milho doce | 65 | 70 | 70 | 70 |
Milho super doce | 55 | 60 | 60 | 60 |
Milho pipoca | 60 | 70 | 70 | 70 |
Validade do teste de germinação (máxima em meses) | 12 | 12 | 12 | 12 |
Validade da reanálise do teste de germinação (máxima em meses) | 8 | 8 | 8 | 8 |
No caso do milho há ainda as variedades especiais: pipoca, doce, branco, farináceo, QPM (Qualidade Protética Melhorada), ceroso e outros.
Para o isolamento da fonte de pólen de contaminante há uma distância mínima que deve ser seguida.
As tabelas abaixo mostram as distâncias mínimas de outras cultivares e o número mínimo de fileiras de bordadura, para variedades e variedades especiais.
É possível aplicar a Tabela de Fileiras de Bordadura quando não for possível o atendimento da distância mínima estabelecida para o isolamento da fonte de pólen de contaminante.
Variedades | |
Distância mínima de outra cultivar (m) | Número mínimo de fileiras de bordadura |
200 | 0 |
175 – 199 | 5 |
150 – 174 | 10 |
125 – 149 | 15 |
100 – 124 | 20 |
75 – 99 | 25 |
50 – 74 | 30 |
< 50 | 50 |
Variedades especiais | |
Distância mínima de outra cultivar (m) | Número mínimo de fileiras de bordadura |
400 | 0 |
200 – 399 | 6 |
< 200 | não permitido |
Quando houver semeadura de campos de diferentes cultivares é necessário que sejam feitas em épocas que proporcionem um período mínimo de 30 dias entre o florescimento de um campo e do outro.
Para milho também deve ser observado o número máximo permitido de plantas, da mesma espécie, que apresentem quaisquer características que não coincidem com os descritores da cultivar em vistoria.
Estas plantas, assim como as plantas daninhas devem ser eliminadas do campo.
As técnicas empregadas deverão ser registradas nos Laudos de Vistoria, anotando o percentual encontrado e a sua composição no Boletim de Análise de Sementes.
As sementes de outras espécies cultivadas e sementes de plantas daninhas na Determinação de Outras Sementes por Número serão verificadas em Teste Reduzido – Limitado em conjunto com a análise de pureza.
Esta determinação é realizada para complementar a análise de pureza, verificada a relação de sementes nocivas vigente.
Na reanálise além do teste de germinação deverá ser realizado, também, o teste de sementes infestadas.
Assim como para as sementes de soja, a comercialização de semente básica de milho poderá ser realizada com germinação até 10 (dez) pontos percentuais abaixo do padrão, desde que efetuada diretamente entre o produtor e o usuário e com o consentimento formal deste.
Padrões para produção e comercialização de sementes de milho: cultivares híbridas
Na produção de sementes de milho híbrido por ser inaplicável, tecnicamente, a sequência de gerações fica estabelecida a possibilidade de inscrição na categoria:
- Básica e C1: quando sob Classe Certificada;
- S1: quando sob Classe Não Certificada.
Quando o lote não atingir o padrão da categoria a qual foi inscrito, é prevista a possibilidade de enquadrar na categoria inferior.
Não se admite como parentais de novos híbridos, os híbridos produzidos na categoria S1.
Para as vistorias, plantio de mesma cultivar na próxima semeadura ou outra cultivar valem o mesmo que já foi descrito para variedades de milho.
A amostragem deve ser realizada nas fileiras de plantas polinizadoras e nas fileiras receptoras.
Nesse caso tem-se também os híbridos especiais: pipoca, doce, super doce, branco, farináceo, QPM (Qualidade Proteica Melhorada), ceroso e outros.
Para cultivares híbridas de milho você vai encontrar as seguintes informações
Peso máximo do lote: 40 mil kg.
Peso mínimo das amostras:
- amostra submetida ou média: 1.000 g;
- amostra de trabalho para análise de pureza: 900 g;
- amostra de trabalho para determinação de outras sementes por número: 1.000 g.
Prazo máximo para solicitar a inscrição de campos: 45 dias após o plantio.
As tabelas abaixo mostram os parâmetros de campo e de sementes.
Parâmetros de campo para sementes de milho | |||
Categorias/índices | |||
Básica | C1 | S1 | |
Vistoria | |||
Área máxima da gleba para vistoria (ha) | 50 | 100 | 150 |
Número mínimo de vistorias | 2 | 2 | 2 |
Número mínimo de subamostras | 6 | 6 | 6 |
Número de plantas por subamostras | 500 | 500 | 75 |
População da amostra | 3.000 | 3.000 | 450 |
Rotação (ciclo agrícola) | – | – | – |
Isolamento (m) | |||
Distância mínima da fonte de pólen contaminante: | |||
Para híbridos especiais | 400 | 400 | 400 |
Para demais híbridos | 200 | 200 | 200 |
Número mínimo de fileiras de bordadura | – | – | – |
Isolamento por diferença de época de plantio | – | – | – |
Plantas atípicas (fora de tipo) (número máximo) | |||
Linhas endogâmicas | 3/3.000 | 3/3.000 | – |
Híbridos parentais: | |||
Macho | 3/3.000 | 15/3.000 | 3/450 |
Fêmea | 3/3.000 | 15/3.000 | 3/450 |
Plantas liberadoras de pólen nas fileiras fêmeas (número máximo) | 3/3.000 | 15/3.000 | 3/450 |
Plantas de outras espécies | |||
Cultivadas/silvestres/nocivas toleradas | – | – | – |
Nocivas proibidas | – | – | – |
Abaixo você pode ver a tabela com os parâmetros de semente para híbridos de milho.
Parâmetros de semente | |||
Categorias/índices | |||
Básica | C1 | S1 | |
Pureza: | |||
Semente pura (% mínima) | 98 | 98 | 98 |
Material inerte (%) | – | – | – |
Outras sementes (%máxima) | 0 | 0,1 | 0,1 |
Determinação de Outras Sementes por Número (n° máximo) | |||
Semente de outra espécie cultivada | 0 | 1 | 2 |
Semente silvestre | 0 | 0 | 0 |
Semente nociva tolerada | 0 | 0 | 0 |
Semente nociva proibida | 0 | 0 | 0 |
Sementes infestadas (% máxima) | 3 | 3 | 5 |
Germinação (% mínima) | |||
Híbridos simples | 75 | 85 | 85 |
Outros híbridos | – | 85 | 85 |
Milho doce | 65 | 70 | 70 |
Milho super doce | 55 | 60 | 60 |
Milho pipoca | 60 | 70 | 70 |
Validade do teste de germinação (máxima em meses) | 12 | 12 | 12 |
Validade da reanálise do teste de germinação (máxima em meses) | 8 | 8 | 8 |
Híbridos | |
Distância mínima de outra cultivar (m) | Número mínimo de fileiras de bordadura |
200 | 0 |
175 – 199 | 5 |
150 – 174 | 10 |
125 – 149 | 15 |
100 – 124 | 20 |
75 – 99 | 25 |
50 – 74 | 30 |
< 50 | 50 |
Híbridos especiais | |
Distância mínima de outra cultivar (m) | Número mínimo de fileiras de bordadura |
400 | 0 |
200 – 399 | 6 |
< 200 | não permitido |
Conclusão
No texto de hoje você viu mais sobre os parâmetros para a produção e comercialização de sementes de soja e milho.
Os campos de produção de sementes passam por vistorias, as tabelas ao longo do texto mostram quais os testes são feitos e quais os padrões que as sementes têm que ter em cada categoria.
Para saber mais você pode consultar direto a Instrução Normativa MAPA 45/2013.
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Sobre a Autora: Ana Ligia Giraldeli. Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar), Doutora em Fitotecnia (USP) e especialista em Agronegócios. Atualmente Professora Temporária na UEL.
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