Princípios de fisiologia das sementes
Fisiologia das sementes: quais as etapas da germinação de sementes e quais os tipos de germinação.
A fisiologia de sementes engloba vários tópicos importantes na área de sementes.
Dentro da fisiologia de sementes podemos ver vários assuntos como:
- importância das sementes;
- formação das sementes;
- maturação das sementes;
- germinação;
- composição química de sementes;
- dormência de sementes;
- deterioração de sementes;
- condicionamento fisiológicos de sementes;
- vigor e desempenho de sementes.
No texto de hoje vou te mostrar com mais detalhes sobre a germinação de sementes.
Qual a definição de germinação?
A germinação de uma semente é o fenômeno pelo qual, sob condições adequadas, o eixo embrionário dá prosseguimento ao seu desenvolvimento, que havia sido interrompido na maturidade fisiológica (no caso de sementes ortodoxas – que toleram a secagem).
A germinação também pode ser definida como o encerramento do período de repouso fisiológico da semente.
A germinação pode ser dividida em fases, que vou te mostrar a seguir.
Mas antes, observe a figura abaixo para ver quais são as partes que compõem uma semente, pois vamos falar vários desses termos ao longo do texto.
Fonte: Só Biologia.
Fases da germinação das sementes
A germinação das sementes pode ser dividida em três fases:
Fase I: início da degradação das substâncias de reserva e absorção de água.
Fase II: transporte ativo das substâncias.
Fase III: crescimento visível do eixo embrionário.
Vamos ver com mais detalhes os processos que acontecem em cada uma dessas fases.
Fase I: absorção de água e degradação das substâncias de reservas
Na fase I a semente começa a captação de água e há o reinício de atividades metabólicas da semente após a maturidade.
A absorção de água pela semente é fundamental para:
- amolecer o tegumento;
- intensificar a velocidade respiratória;
- favorecer as trocas gasosas;
- induzir a síntese e atividade de enzimas e hormônios;
- regularidade da digestão, translocação e assimilação das reservas e crescimento.
A entrada de água na semente provoca o aumento do volume do embrião e dos tecidos de reserva, o que resulta na ruptura do tegumento e facilita a protusão da raiz primária.
A degradação das substâncias de reserva são necessárias para nutrir o eixo embrionário até que a plântula tenha sistema radicular.
Nessa fase a intensidade respiratória das sementes aumenta conforme aumenta a absorção de água.
A água é fundamental para o início do processo de germinação, sendo um dos fatores limitantes.
Em pouco tempo as sementes absorvem grandes quantidades de água.
A degradação das substâncias em compostos menores é fundamental para o transporte dessas substâncias.
Fase II: transporte ativo das substâncias
Nessa fase, as substâncias quebradas em compostos menores estão sendo levadas do tecido de reserva para o tecido meristemático.
As principais substâncias de reserva armazenadas pelas sementes são os carboidratos, lipídios e proteínas.
Para que estas substâncias armazenadas pelas sementes possam ser utilizadas, elas precisam ser simplificadas.
Assim, as substâncias de reserva presentes no endosperma ou nos cotilédones são decompostas e os produtos solúveis desse processo são translocados para os pontos vegetativos do embrião.
Por exemplo, o amido é quebrado pelas enzimas amilases e maltase em maltose e glucose, respectivamente.
A duração dessa fase é maior que a fase I, a absorção de água é pouca ou quase nula e a intensidade respiratória também é lenta.
Fase III: crescimento visível do eixo embrionário
A semente volta a absorver água e a respirar intensamente.
O crescimento do eixo embrionário fica visível.
As substâncias quebradas na fase I e transportadas na fase II são reorganizadas em substâncias complexas.
Essas substâncias complexas vão formar o protoplasma e as paredes celulares.
Quando inicia a fase III, a semente apresenta as três fases.
Nessa fase, portanto, há o rompimento do tegumento e a protusão da raiz primária.
Processo de germinação das sementes. Fonte: Bewley (1997).
Detalhes do processo de germinação de sementes
Muitos pesquisadores detalham os processo de germinação das sementes.
Trouxe para vocês verem as etapas dos autores Kramer e Kozlowski (1960):
- hidratação e absorção de água;
- hidratação dos tecidos;
- absorção de oxigênio;
- intensificação das atividades enzimáticas e de digestão;
- início da multiplicação e do crescimento celular;
- intensificação da respiração e da assimilação;
- intensificação da multiplicação e do crescimento celular;
- diferenciação celular;
- aumento no conteúdo de açúcares redutores;
- emergência da plântula.
O tempo que leva para uma semente germinar depende das condições ambientais, da espécie e da cultivar.
Agora que você viu as etapas do processo de germinação das sementes, vamos ver quais os tipos de germinação.
Tipos de germinação
A germinação das sementes pode ser epígea ou hipógea.
Germinação do tipo epígea
Na germinação epígea o hipocótilo leva os cotilédones para fora do solo.
A parte aérea é posta fora do solo envolta dos cotilédones.
Há um rápido e vigoroso crescimento inicial do eixo hipocótilo-radicular.
A primeira parte da plântula a atingir a superfície do solo é uma alça, na qual em uma das extremidades está o sistema radicular e na outra estão os cotilédones.
Os cotilédones trazem a plúmula e o epicótilo.
Ao atingir a superfície do solo os cotilédones saem a luz e dão origem a parte aérea da planta.
Com o consumo das suas reservas, os cotilédones vão reduzindo de tamanho ao longo do processo de germinação e desenvolvimento da planta, até que finalmente caem.
A germinação epígea ocorre nas eudicotiledôneas (folhas largas), exceção feita à cebola.
Exemplos de germinação epígea: cebola, mamona, feijão, alface, pepino, soja, café, algodão, abóbora e amendoim.
Germinação epígea. Fonte: Escola educação.
Germinação do tipo hipógea
Na germinação do tipo hipógea não há a formação do gancho (alça) de germinação como na germinação do tipo epígea.
Após a emergência da radícula, o coleóptilo se alonga até alcançar a superfície do solo.
Através de uma abertura na sua extremidade, ocorre a emissão das primeiras folhas.
Na germinação hipógea o cotilédone permanece abaixo do nível do solo.
Exemplos de germinação hipógea: arroz, cevada, milho, trigo, seringueira e ervilha.
Germinação hipógea. Fonte: Escola educação.
A germinação pode ser afetada por diversos fatores como:
- vitalidade e viabilidade;
- longevidade;
- grau de maturidade;
- dormência;
- sanidade;
- genótipo;
- água;
- temperatura;
- oxigênio;
- luz;
- promotores químicos.
Você pode ler mais sobre este assunto no texto “Germinação de sementes: fatores que afetam a germinação de sementes”.
Conclusão
Vários processos estão envolvidos na fisiologia de sementes, sendo um deles a germinação.
A germinação de sementes é influenciada por diversos fatores, sendo a água essencial para iniciar o processo.
O processo de germinação ocorre em três fases e os tipos de germinação podem ser classificados em epígea e hipógea.
Sobre a Autora: Ana Ligia Giraldeli. Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar), Doutora em Fitotecnia (USP) e especialista em Agronegócios.
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