Rotação de culturas: entenda os benefícios dessa estratégia de manejo

Rotação de culturas: veja as vantagens e dicas de como fazer a rotação na sua lavoura.

Você tem problemas com pragas, doenças ou plantas daninhas na sua lavoura?

Sabia que muitos destes problemas podem ser reduzidos com a prática de rotação de cultura?

Uma das vantagens em realizar a rotação de culturas da forma adequada é que ao diversificar as culturas que vão no campo, você acaba rotacionando os produtos que utiliza para controlar as pragas, doenças e plantas daninhas.

Além disso, quando plantamos sempre a mesma cultura, teremos sempre as mesmas pragas e doenças, exigências quanto aos nutrientes, além de sempre explorar o mesmo volume de solo pelas raízes da cultura.

Fonte: L. Sèguy, S. Bouzinac, CIRAD-CA; A. Maronezzi, Agronorte. Sinop/MT- 2001. Encarte de informações Agronômicas n° 96.

Para continuarmos o assunto e entender mais sobre os benefícios dessa prática vamos ver a definição de rotação de culturas.

O que é rotação de culturas?

A rotação de culturas consiste em alternar, de forma ordenada, diferentes espécies vegetais em determinado espaço de tempo, na mesma área e na mesma estação do ano.

Qual a diferença entre rotação de culturas e sucessão de culturas?

A sucessão de culturas é a sequência repetitiva de culturas cultivadas na mesma área e em estação estival diferente de um mesmo ano agrícola.

Observe que a rotação é diferente, pois alterna as culturas semeadas em uma safra de verão, por exemplo, com a safra de verão do próximo ano.

Por exemplo, se você plantou soja na primeira safra, no próximo ano você deverá plantar outra cultura nessa mesma época do ano.

Com essas definições agora posso mostrar a você os benefícios em fazer uma rotação de culturas bem planejada.

Quais os benefícios da rotação de culturas?

Com a rotação de culturas você vai utilizar inseticidas, herbicidas e fungicidas diferentes.

Lembre-se que o uso do mesmo produto por muitos anos consecutivos, ou várias vezes ao longo de um ano vai acelerar a seleção de insetos, plantas daninhas ou fungos resistentes ao produtos.

A rotação de culturas, inclusive, é uma prática de controle cultural. No controle cultural, por exemplo de plantas daninhas, o objetivo é favorecer o crescimento da cultura em detrimento das plantas daninhas.

Rotação de culturas proporciona a diversificação do ambiente, reduzindo a seleção das espécies e diminuindo a ocorrência daquelas mais problemáticas, ou de mais difícil controle.

Assim, uma das principais vantagens na rotação de culturas é a alternância dos defensivos utilizados na lavoura.

Além disso, essa prática promove a reciclagem de nutrientes, uma vez que diferentes culturas exploram diferentes volumes de solo e, tem exigências diferentes quanto aos macro e micronutrientes necessários para o seu desenvolvimento.

Dentre outras vantagens que podem ser citadas estão a descompactação, aeração e estruturação do solo.

Fonte: Embrapa. Retirado de Petry e Martins (2020).

Outro grande benefício da rotação de culturas é o controle de nematóides.

Caso você tenha problemas com nematóides na sua lavoura, o uso de rotação de culturas com adubos verdes é uma excelente opção para reduzir a população de nematóides na área.

Você pode optar por um destes adubos verdes:

  • Crotalária-breviflora;
  • Crotalária-juncea;
  • Crotalária-ochroleuca;
  • Crotalária-spectabilis;
  • Mucuna-cinza;
  • Mucuna-preta;
  • Aveia-Preta.

Fonte: Informações Agronômicas n°160 (2017).

Como planejar a rotação de culturas?

Já vimos que a rotação de culturas é feita com a diversificação das atividade econômicas na área, envolvendo culturas anuais, como: soja, algodão, milho, girassol, sorgo, feijão ou, ainda também é possível com culturas anuais e pastagem.

Mas, independente disso, é preciso planejamento para que seja uma atividade economicamente viável.

A primeira dica na hora de planejar é escolher as espécies de acordo com a diversidade botânica.

Isso porque, como vimos, elas vão acabar explorando volumes diferentes de solo, uma vez que o sistema radicular, o hábito de crescimento e as exigência nutricionais vão ser também diferentes.

Por exemplo, se você tem como cultura principal a soja, você pode optar por rotacionar com milho, milheto, sorgo ou girassol.

Com isso, você consegue a interrupção dos ciclos de algumas pragas e doenças.

Outro ponto importante para planejar é sobre a quantidade de palha que ficará na cobertura do solo. Assim, você deve escolher espécies que produzam grandes quantidades de massa seca e com alta relação C/N.

De acordo com a Embrapa, algumas sucessões, conseguem melhorar o rendimento da cultura principal, além de proporcionar algumas condições específicas:

  1. aveia preta – milheto – soja (para produção de palha);
  2. aveia – soja – nabo forrageiro – milho (para elevada reciclagem de nutrientes K e N para o milho);
  3. rotação soja – soja – milho ou soja (2/3) e milho (1/3) (para controle de doenças na soja);
  4. nabo forrageiro – milheto na primavera – soja (boa descompactação superficial do solo, alta produção de palha reciclagem de potássio e controle de plantas daninhas);
  5. soja – girassol safrinha – milho (bom para a produtividade do milho e estruturação do solo).

Fonte: Informativo Cocari.

Quais os cuidados que devo ter em relação a rotação de culturas?

Como você viu, a rotação de culturas exige planejamento e, um dos principais pontos é em relação ao uso de herbicidas que tenham residual prolongado no solo.

Ao usar o herbicida atrazine no milho, você deverá respeitar um intervalo mínimo de 90 dias para semear feijão, soja ou trigo.

Quando usar o herbicida chlorimuron em soja, você precisará respeitar o intervalo de 60 dias para semear milho, trigo ou feijão.

Com o herbicida clomazone, esse intervalo é ainda maior. Ao usar esse produto em pré-emergência da soja, você precisará esperar 150 dias para semear milho, trigo ou feijão.

Ao utilizar o sulfentrazone na cultura da soja, será preciso esperar 90 dias para semear, feijão, trigo ou milho.

Para o mesotrione usado na cultura do milho, é necessário um intervalo mínimo de 90 dias para as culturas de soja, milho e feijão.

Por isso, planejar é importante, além de escolher as espécies plantadas na área para quebrar o ciclo das pragas e doenças, é preciso lembrar que alguns herbicidas podem deixar residual, o que pode afetar a cultura em sucessão, isso é conhecido por carryover.

Como a Integração Lavoura-Pecuária ajuda na rotação de culturas?

A Integração Lavoura-Pecuária (ILP) possibilita que você rotacione o milho, a soja e a pastagem para o gado.

O objetivo aqui é você plantar a soja, depois vir com o milho segunda safra com a gramínea que formará a pastagem.

Após algumas semanas da colheita do milho, você consegue entrar com o gado e deixar a área com a pastagem por algumas safras.

Depois deste período, a pastagem é dessecada, e você inicia um novo ciclo de soja/milho, até voltar com a pastagem naquela área.

Cultivo consorciado de milho com Brachiaria ruziziensis semeada junto com o fertilizante (incorporados ao solo) da primeira adubação de cobertura (A) e a lanço, após a dessecação da área e antes da semeadura do milho (B). Fonte: Informações Agronômicas n°160 (2017).

Quais doenças consigo reduzir na soja com a rotação de culturas?

Quando você inclui o milho em rotação com a soja pode haver uma redução de doenças na soja como podridão cinza, podridão radicular vermelha, podridão radicular de fitóftora, mofo branco e antracnose.

Conclusão

No texto de hoje você viu as definições de rotação e sucessão de culturas.

Também viu os benefícios da rotação de culturas, como planejar, dicas e opções de como utilizar essa estratégia de manejo na sua lavoura.

Com a rotação de culturas você consegue quebrar o ciclo de pragas, doenças e plantas daninhas, promover a reciclagem de nutrientes na área, melhorar a estrutura do solo, reduzir a população de nematoides e consequentemente reduzir custos no futuro.

Gostou do texto? Tem mais dicas sobre rotação de culturas? Adoraria ver o seu comentário abaixo!

Sobre a autora: Ana Ligia Giraldeli. Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar), Doutora em Fitotecnia (USP) e especialista em Agronegócios. Atualmente Professora da Colaboradora na UEL.

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