Conheça mais sobre a Soja Intacta RR2 Xtend
Intacta RR2 Xtend: Entenda quais as diferenças dessa nova tecnologia na soja em relação às tecnologias já existentes e, como pode ajudar você no manejo de lagartas e plantas daninhas na cultura da soja.
Em janeiro de 2021, foi aprovado pela União Europeia a importação de sementes de soja com a tecnologia Intacta RR2 Xtend. O uso foi aprovado para alimentação/ração e, já estava aprovado pelo Ministério da Agricultura da China.
A tecnologia Intacta RR2 Xtend foi aprovada pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) em março de 2018.
Fonte: CropLife Brasil
A soja Intacta RR2 Xtend é a terceira geração da biotecnologia. Antes dela foram lançadas:
- Soja com tecnologia RR (Roundup Ready™): primeira geração, lançada em 1998, com tolerância ao herbicida glyphosate;
- Intacta RR2 PRO®: segunda geração, lançada em 2013, com tolerância ao herbicida glyphosate e com proteção contra lagartas da soja.
A soja Intacta RR2 Xtend conta com várias características para garantir um novo patamar em produtividade como:
- manejo inteligente;
- biotecnologia de última geração;
- genética avançada;
- alta eficiência contra lagartas;
- amplo controle de plantas daninhas.
Agora que você entendeu melhor o que é a soja Intacta RR2 Xtend, vou te mostrar o que mudou da segunda para a terceira geração, além de entender mais sobre o controle das plantas daninhas e as lagartas com essa tecnologia.
Intacta RR2 Xtend e o manejo de lagartas da soja
Na segunda geração, com a tecnologia Intacta RR2 PRO (proteína Cry1Ac) as lagartas manejadas já eram:
- broca-das-axilas (Crocidosema aporema);
- falsa-medideira (Chrysodeixis includens);
- lagarta-da-maçã (Chloridea virescens);
- lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis).
Agora, com a terceira geração, com a tecnologia Intacta RR2 Xtend foram adicionadas duas proteínas, a Cry1A.105 e a Cry2Ab2. Assim, além das lagartas anteriores, o controle foi ampliado para a Helicoverpa armigera e a Spodoptera cosmioides.
Chrysodeixis includens nas fases de ovo (a), lagarta (b), pupa (c) e adulto (d) (Fonte: Embrapa)
A lagarta adulta da falsa-medideira consome o limbo foliar, deixando as nervuras da folha intactas, já as lagartas jovens raspam as folhas. Assim, a presença delas é facilmente reconhecida pelo aspecto de folhas rendilhadas. Além disso, elas têm o hábito de atacar o terço mediano e a baixeira da soja.
Já a lagarta-da-soja consome a folha inteira e ataca a parte superior da soja.
A broca-das-axilas forma um cartucho com o trifólio da planta e acaba bloqueando o fluxo de seiva para as folhas. Como as lagartas ficam protegidas dentro do caule,o controle com inseticidas é mais difícil, por isso a tecnologia acaba ajudando a controlá-las.
A lagarta-das-maçãs ataca principalmente nas fases finais do desenvolvimento da soja. Os danos são à flores, vagens e grãos.
Intacta RR2 Xtend e o manejo de plantas daninhas
A tecnologia Intacta RR2 Xtend continua com a tolerância ao herbicida glyphosate e adiciona a tolerância ao dicamba.
A possibilidade do uso do dicamba vai auxiliar os produtores a controlar plantas daninhas resistentes ao glyphosate e a herbicidas inibidores da ALS. Além disso, é uma opção para a rotação de mecanismo de ação.
O dicamba é um herbicida auxínico de ação sistêmica, pós-emergente, do grupo químico do ácido benzóico e possui espectro de controle de plantas daninhas de folhas largas anuais e perenes.
O produto é absorvido pelas folhas e pela raiz, via floema e xilema, e transportado a todas as partes da planta de forma rápida, acumulando-se nas áreas de crescimento ativo, inibindo seu desenvolvimento das plantas daninhas.
Entre as plantas daninhas que o dicamba controla estão:
- caruru (Amaranthus hybridus, Amaranthus viridis e Amaranthus spinosus);
- buva (Conyza bonariensis);
- picão-preto (Bidens pilosa);
- corda-de-viola (Ipomoea triloba e Ipomoea nil);
- nabiça (Raphanus raphanistrum);
- leiteiro (Euphorbia heterophylla);
- guanxuma (Sida rhombifolia);
- poaia-branca (Richardia brasiliensis);
- beldroega (Portulaca oleracea).
Plantas de buva (Conyza spp.). Foto: Arquivo pessoal da autora.
O Brasil hoje conta com 54 casos de biótipos de plantas daninhas resistentes a herbicidas.
Dentre estes casos estão os problemas com buva, caruru, picão-preto e leiteiro resistentes, por isso é muito importante novas estratégias de manejos.
A Tabela abaixo mostra alguns dos casos de resistência no Brasil, no qual o dicamba poderá ajudar no manejo de plantas daninhas resistentes.
Planta daninha | Herbicida |
Bidens pilosa | chlorimuron, imazaquin, imazethapyr, nicosulfuron e pyrithiobac. |
Euphorbia heterophylla | chlorimuron, cloransulam, imazamox, imazaquin e imazethapyr |
Bidens subalternans | chlorimuron, imazethapyr e nicosulfuron |
Euphorbia heterophylla | acifluorfen, cloransulam, diclosulam, flumetsulam, flumiclorac, fomesafen, imazethapyr, lactofen, metsulfuron, nicosulfuron e saflufenacil |
Conyza bonariensis | glyphosate |
Conyza canadensis | glyphosate |
Bidens subalternans | atrazine, foramsulfuron e iodosulfuron |
Conyza sumatrensis | glyphosate |
Conyza sumatrensis | chlorimuron e glyphosate |
Amaranthus retroflexus | atrazine, prometryn e trifloxysulfuron |
Amaranthus viridis | atrazine, prometryn e trifloxysulfuron |
Amaranthus retroflexus | pyrithiobac e trifloxysulfuron |
Amaranthus retroflexus | fomesafen |
Amaranthus palmeri | glyphosate |
Amaranthus palmeri | chlorimuron, cloransulam, glyphosate e imazethapyr |
Bidens pilosa | atrazine e imazethapyr |
Conyza sumatrensis | paraquat |
Conyza sumatrensis | saflufenacil |
Conyza sumatrensis | chlorimuron, glyphosate e paraquat |
Conyza sumatrensis | 2,4-D, diuron, glyphosate, paraquat e saflufenacil |
Amaranthus hybridus (syn: quitensis) | chlorimuron e glyphosate |
Euphorbia heterophylla | glyphosate |
Uma importante questão sobre o herbicida dicamba, são os casos de deriva muito questionados pelos produtores.
Você já deve ter escutado os termos volatilidade e deriva, mas você sabia que as definições são diferentes?
O termo volatilidade significa o movimento da molécula na forma de vapor para fora do alvo.
Alguns produtos como o dicamba, o clomazone e trifluralin, são conhecidos por terem alta volatilidade, isso porque possuem alta pressão de vapor.
- dicamba: 1,76 mPa;
- trifluralin: 9,5 mPa;
- clomazone: 27 mPa.
Hoje, temos disponível no mercado novas formulações dos herbicidas, que possuem menor volatilidade.
Já o termo deriva, refere-se ao movimento das gotas formadas pelas pontas de pulverização para fora do alvo.
Assim, quanto menores as gotas, maior é a possibilidade de deriva.
Dentre alguns cuidados que você pode ter citamos:
- usar gotas de pulverização grossas ou ultra grossas;
- volume de calda acima de 100 L/ha;
- pontas de pulverização com indução de ar;
- evitar na mistura de tanque produtos que reduzam o pH da calda;
- limpeza do circuito hidráulico dos pulverizadores após o uso;
- respeitar condições meteorológicas: evite aplicar quando a velocidade do vento for maior que 10 km/h, umidade relativa abaixo de 55% e temperaturas acima de 30°C;
Boas práticas agrícolas no manejo de pragas e de plantas daninhas
A tecnologia ajuda a manejar as pragas e as plantas daninhas, mas para isso também temos que realizar as boas práticas agrícolas por meio do manejo integrado.
Para isso é necessário que você utilize em sua propriedade algumas estratégias como:
- rotação de culturas;
- inseticidas em pré-plantio;
- dessecação pré-plantio;
- herbicidas em pré-emergência;
- manejo de plantas daninhas na entressafra;
- tratamento de sementes;
- rotação de mecanismos de ação de inseticidas e de herbicidas;
- uso de produtos seletivos aos inimigos naturais;
- instalação de área de refúgio.
Conclusão
No texto de hoje você viu mais sobre a soja Intacta RR2 Xtend e como ela acrescenta no controle de plantas daninhas e de pragas.
O bom uso das tecnologias precisa ser associado às boas práticas agrícolas como o manejo integrado de plantas daninhas e de pragas.
A tecnologia Intacta RR2 Xtend adiciona a tolerância ao herbicida dicamba, Helicoverpa armigera e Spodoptera cosmioides.
Gostou do texto? Tem mais dicas sobre a tecnologia Intacta RR2 Xtend? Adoraria ver o seu comentário abaixo!
Sobre a Autora: Ana Ligia Giraldeli. Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar), Doutora em Fitotecnia (USP) e especialista em Agronegócios. Professora Colaboradora na UEL.
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